Murciélago LP-670-4 SuperVeloce chega ao Brasil


Esportivo da Lamborghini atinge 342 km/h e custa R$ 2,7 milhões

Platinuss
Modelo que está à venda no Brasil tem a carroceria na cor preta fosca. Superesportivo tem motor V12 de 670 cv
A importadora Platinuss anuncia a chegada de apenas uma unidade do Lamborghini Murciélago LP-670-4 SuperVeloce. O único exemplar que dsesembarcou no pais será disputado por endinheirados que estejam dispostos a desembolsar R$ 2,7 milhões pelo superesportivo.

Apresentado no Salão de Genebra (Suíça), em março do ano passado, o carro é um dos mais agressivos já produzidos pela marca italiana. Com carroceria pintada de preto fosco e interior da mesma cor, o cupê vem equipado com motor V12 6.5, que gera 670 cavalos de potência. Segundo a montadora, sua relação peso potência é de meros 2,3 kg por cavalo. Com isso, o SuperVeloce chega aos 100 km/h em 3,2 segundos e pode atingir nada menos que 342 km/h.

Lamborghini
Aerodinâmica também facilita no desempenho do SuperVeloce, que chega aos 100 km/h em 3,2 segundos e tem máxima de 342 km/h
Segundo Natalino Bertin Junior, presidente da Platinuss, o modelo é referência em esportividade. “Essas mudanças feitas no SuperVeloce em relação ao LP 670-4 ‘convencional’ forma uma excepcional combinação de desempenho, precisão, velocidade e estabilidade”.

Lamborghini Murcièlago SV: voando baixo
Como anda o superesportivo de 670 cavalos e tração integral da marca italiana

Julia LaPalme
Lamborghini Murcièlago LP 670-4 SV
Rápido! Pegue seu DVD do épico filme de Steve McQueen, “Le Mans”. Avance até a parte perto do final em que o Gulf Porsche 917 de McQueen está perseguindo a Ferrari 512 Nº 8 e aumente bem o volume. Lá está! A tomada em que a Ferrari Nº 8 ultrapassa na última volta o carro Nº 5 que havia batido. Ouça bem... É exatamente assim que a Lamborghini  Murciélago LP 670-4 SuperVeloce soa aos 7000 rpm em quarta marcha.
Você estaria viajando em torno dos 260 km/h na Lamborghini de baixa estatura nessas rotações. E você ainda teria duas marchas sobrando. Minha nossa... Este é um supercarro protagonista. Grande. Barulhento. Rápido. ALamborghini lançou o Murciélago lá em 2001 nas ladeiras do Monte Etna na Sicília. O vulcão fumegava gentilmente quando nós aterrissamos e, enquanto dirigíamos montanha acima, parte da lava da erupção ocorrida meras semanas antes ainda estava esfriando. Não foi difícil entender a mensagem nas entrelinhas: este carro foi feito para ser intimidante. Manuseie com cuidado.
Que é o que faz do LP670-4 SV tamanha surpresa. Ele é o mais leve, mais potente e mais rápido Murciélago já construído. Ainda assim, ele permite a nós, meros mortais, chegar mais perto de seu verdadeiro limite de monstruoso desempenho do que qualquer bólido já feito pela Lamborghini. Se alguma flecha baixa de US$ 450 mil (R$ 787.500), 670 cv e 340 km/h com um canhão de testosterona pudesse ser chamado de gracinha, seria essa. Bem, até certo ponto.
Julia LaPalme
SV pode parecer um Murciélago normal com alguns traços de estilo do caríssimo Reventon, mas as mudanças neste carro vão bem além da aparência. O Murciélago tradicional é feito de combinação de compostos de carbono e aço tubular. No SV, as partes de metal foram refeitas com aço perfilado de altíssima resistência que elevou a rigidez torcional em 12% e economizou uns 20 kg. O novo sistema de escape economiza outros 25 kg.

O interior feito à mão é todo em fibra de carbono e couro alcântara (que a Lamborghini afirma ser mais leve que o couro normal) e tem assentos esportivos leves que abraçam a cintura, resultando em 33 kg a menos. Os para-lamas dianteiros, painéis laterais traseiros, tampa do motor e os novos detalhes aerodinâmicos, incluindo o spoiler dianteiro e a enorme asa Aeropack (um opcional de sete mil dólares que reduz a velocidade máxima para 336 km/h, mas cola o carro no chão) são feitos de fibra de carbono. Junto com a eliminação do motor da asa traseira móvel (um pequeno spoiler fixo é padrão no SV), essas mudanças ajudam a eliminar 12 kg. O SV pisa na balança 97 kg mais leve que um Murciélago normal. Mas, com seu tanque de combustível gigante de 100 litros, ele ainda pesa substanciais 1713 kg.
Julia LaPalme
O carismático motor 6.5 litros de 12 cilindros em V de 60 graus da Lamborghini recebeu um acréscimo de 30 cavalos por conta de um sistema de admissão modificado e da otimização do trem de válvulas. Essa máquina poderosa agora produz 661 cavalos americanos (ou 670 cavalos europeus, daí o nome) a estridentes 8000 rpm e 67 mkgf de torque a 6500 rpm. O motor impulsiona as quatro rodas através da transmissão manual de seis marchas, acionada com a alavanca tradicional ou com o sistema E-Gear de embreagem simples e diferenciais de deslizamento limitado frontal e traseiro. O acoplamento viscoso central manda até 35% do torque para as rodas da frente.

A natureza explosiva do V12 e as relações de marchas relativamente longas paparicam para enganar: inicialmente, o SV parece forte, mas não embasbacante. Uma vez que o contagiros passa dos 5000 rpm, porém, é como se alguém tivesse ligado os motores de um caça a jato: há um forte empurrão entre os ombros e a sonora nota do escapamento ganha um tom mais excitante. Em 7500 rotações, é como se a trilha sonora de Le Mans estivesse sendo tocada por uma parede de amplificadores colocada logo atrás da sua cabeça e, à medida que o horizonte corre em sua direção, você se prepara para golpear a borboleta de subida de marcha antes de o motor esbarrar no limitador de giros.
 Divulgação
Com o controle de largada ligado, o LP670-4 SV equipado com o E-Gear catapulta até 100 km/h em apenas 3,2 segundos. O quarto de milha é deixado para trás em 11,4 segundos a 202 km/h. Isso é mais ou menos o que se esperaria desse carro. O que não é de se esperar é o que ocorre quando você galopeia com o LP670-4 SV por uma estrada sinuosa. Rápidas mudanças de direção e elevação, com curvas fechadas mergulhando e subindo e se chicoteando para todas as direções; este não é o território tradicional do Murciélago. Mas o SV devora essas estradas, ziguezagueando como Garrincha no auge, acelerando forte nas tangências e dançando nos trechos mais irregulares com compostura exempla
Julia LaPalme
Você só precisa das duas primeiras marchas para apavorar a maioria das estradas sinuosas – a segunda vai levá-lo além dos 175 km/h – e, se você conseguir alcançar a quarta marcha em um trecho reto, você está se aproximando dos 305 km/h. Bem rápido. Felizmente, os enormes freios de cerâmica estão mais que aptos para lidar com isso. Basta afundar o pé no pedal que o SV vai deixá-lo pendurado no cinto de segurança conforme a velocidade se esvai como se você tivesse ativado o freio aerodinâmico em um dragster (de 100 km/h até a parada total, levamos apenas 29,87 metros). Inicialmente, há mais saída de frente do que se gostaria em curvas travadas de baixa velocidade conforme a tração integral luta para otimizar a distribuição do torque, mas a direção é impressionantemente comunicativa para um carro com tração nas quatro rodas. Pode-se sentir exatamente o que se passa no ponto de contato do pneu dianteiro com o asfalto e ajustar suas reações de acordo.

Julia LaPalme
Quando as velocidades de curva sobem, um equilíbrio de outro mundo toma conta do chassi à medida que trem de força, aerodinâmica e suspensão começam a trabalhar em perfeita harmonia. O SV estilinga em curvas de 80 km/h no dobro dessa velocidade, dando a impressão que está parafusado à pista, se comunicando com você o tempo todo – e, pela primeira vez em um Murciélago, não são sussurros ameaçadores de lesão corporal grave. Você nunca sente que está a ponto de ser atropelado pelo enorme V12 atrás de você no meio da curva, mesmo se você precisar pisar mais fundo ou a inclinação da pista mudar repentinamente. Ficou para trás o temperamento ameaçador que sempre fez do Murciélago – e o Diablo e o Countach antes dele – um dos mais traiçoeiros supercarros para se dirigir rápido. Você não precisa temer o LP670-4 SV. Você pode confiar nele.

É difícil acreditar que o Lamborghini Murciélago já tem oito anos de idade. O desenho dramático de Luc Donckerwolcke ainda se parece mais com o século 21 do que qualquer coisa que a Ferrari já fez desde a Enzo. Mas, em outros aspectos, a idade começa a pesar. Os mostradores são difíceis de ler, alguns dos controles são de baixa qualidade com o toque de plástico e a unidade central Kenwood, que também serve de tela para a câmera de ré opcional de US$ 4.350 (que nós escolheríamos; uma coisa que não mudou desde o Countach é a falta de visibilidade traseira) e o sistema de navegação de US$ 4.900 (que nós desprezaríamos, juntamente com o sistema de som) parecem algo que se encontraria em uma loja automotiva de shopping em vez de em um carro que custa perto de meio milhão de dólares. O interior feito à mão tinha algumas rugas no forro do teto em couro alcântara e havia um ruído que vinha de trás do revestimento em fibra de carbono da porta do motorista.
Julia LaPalme
A maior fraqueza do carro, porém, é a transmissão manual de embreagem simples ativada eletronicamente. Mesmo o modo Corsa (que não tem relação com o carro da GM) é mais lento que os melhores câmbios manuais de embreagem dupla atuais, com muito mais variação na qualidade das trocas – passar de primeira para segunda ou de segunda para terceira de pé embaixo dá um tranco mais forte que um cruzado de direita de Mike Tyson – e você vai poder fazer apenas um punhado de arrancadas com o controle de largada ligado antes de a embreagem pedir água e precisar descansar.
O sistema E-Gear ainda é mais rápido que um câmbio manual tradicional quando se dirige o SV forte – os pilotos de teste da Lamborghini o preferem – mas você precisa se lembrar de tratar as borboletas como peças que movem partes de metal de verdade em vez de controles de videogame. Aliviar ligeiramente o acelerador em subidas de marchas fortes ajuda a amaciar o salto para frente.
Por tudo isso, é difícil não amar o Lamborghini Murciélago LP670-4 SuperVeloce. Sim, há supercarros tecnicamente melhores por aí. E, sim, ele é estupidamente caro – nosso carro de testes custava dolorosos US$ 480.325 (cerca de R$ 840.570) e ele não é quatro vezes melhor que um Corvette ZR1. Mas não há nada – nada – nas estradas com a presença de palco pura deste Murciélago. Ele parece um supercarro. Ele soa como um supercarro. E ele faz o motorista se sentir como o Super-Homem.