Arqueólogos encontram objetos históricos na Cracolândia

Arqueólogos fazem escavações no local onde funcionava um estacionamento e que dará lugar à nova sede do Centro Paula Souza
A área conhecida como Cracolândia, parte degradada na região central da capital paulista, guarda importantes vestígios históricos da cidade, segundo descobriram arqueólogos que escavavam uma área onde será construída a nova sede do Centro Paula Souza, entidade responsável pelas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) de São Paulo.
No local onde funcionava um estacionamento, entre as ruas Timbiras, Andradas, Aurora e General Couto de Magalhães, foram localizados 2.344 utensílios domésticos do século XIX e vestígios das moradias e outras edificações que existiram no local.
“A cartografia antiga mostra que ali havia uma aldeia indígena, depois, no século XVIII, era uma zona rural, um grande sítio e, mais tarde, houve comércio e outras moradias”, afirmou o arqueólogo Paulo Zanettini, responsável pelos trabalhos realizados na área. “Os vestígios estão muito bem conservados”, acrescentou ele, segundo o qual não foram localizados objetos indígenas na área.
De acordo com o arqueólogo, as descobertas foram feitas numa profundidade de 80 centímetros a 1,5 metro da superfície. Entre os vestígios, há fundações de casas e de galpões de pequenas fábricas, de trilhos e ossos de animais que podem indicar que no local funcionou um abatedouro ou um curtume. Há ainda pedaços de louça estrangeira do século XIX, gargalos de vidro importado, ferramentas, materiais feitos de ossos de animais. “Naquela época, não havia lixão, aterro sanitário, então o lixo era jogado no quintal de casa”, explica o arqueólogo.

Ferramentas antigas localizadas durante as escavações (Foto: Divulgação/Centro Paula Souza)
O trabalho de arqueologia começou no início do ano e durou cerca de seis meses. As peças encontradas foram encaminhadas a uma instituição no interior do estado para estudo e depois devem voltar para a capital. A intenção dos arqueólogos é que parte desse acervo seja exposto no novo prédio do Centro Paula Souza que será erguido no local das escavações.
Eles também pretendem deixar visíveis alguns vestígios das construções que existiram no local. “Nosso objetivo é reconstituir o passado. Propor explicações a respeito do que a gente encontrou naquela área”, diz Zanettini. “Instigar o cidadão a refletir sobre a própria cidade”, acrescentou.
Os arqueólogos abriram cerca de 40 pontos de escavação na área de 6.870 metros quadrados, recolheram objetos e encaminharam um relatório para o Centro Paula Souza e para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – bens arqueológicos são de propriedade da União - propondo que o trabalho na área seja ampliado e que pelo menos parte das peças sejam expostas na região onde foram localizadas.