O Exército israelense submeteu dois oficiais a punição disciplinar por terem autorizado a utilização de fósforo branco no bombardeio de um bairro residencial na cidade de Gaza, há um ano.
Segundo o documento enviado à ONU pelo Exército israelense, um general de brigada e um comandante de divisão sofreram punição disciplinar por terem "arriscado vidas humanas" quando autorizaram a utilização de armamentos com fósforo branco para bombardear o bairro de Tel El Hawa, no dia 15 de janeiro de 2009, durante a ofensiva israelense à Faixa de Gaza.
Esta é a primeira vez que Israel admite a utilização de fósforo branco, armamento proibido pelas leis internacionais, contra civis na Faixa de Gaza.
Também é a primeira vez que o Exército israelense anuncia a punição de comandantes militares por atos cometidos durante a ofensiva, que deixou cerca de 1,3 mil mortos do lado palestino e 13 do lado israelense.
A comissão de investigação da ONU, dirigida pelo jurista sul-africano Richard Goldstone, acusou Israel de cometer crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza e exigiu que o governo israelense investigue a atuação de suas tropas durante a ofensiva realizada no ano passado.
ONGs de defesa dos direitos humanos exigem que Israel nomeie uma comissão independente para investigar os atos do Exército e não consideram suficientes as investigações internas feitas pelo próprio Exército.
Antes do envio do documento à ONU, a versão do Exército israelense era de que o fósforo branco teria sido utilizado apenas para fins de "dificultar a visibilidade das tropas pelo inimigo" e não diretamente contra civis.
O armamento, que cria uma especie de "cortina de fumaça", é altamente perigoso quando atinge pessoas pois gera queimaduras profundas.
No caso mencionado no relatório do Exército israelense, projéteis com fósforo branco atingiram a sede da Agencia de Refugiados da ONU (UNRWA) na cidade de Gaza, deixando vários civis feridos e provocando um incêndio no local.