Cidade maia na Guatemala pode ter acabado após luta em pirâmide




Pirâmide El Tigre, na cidade maia de El Mirador, enterrada sob vegetação de floresta a 8 km da fronteira da Guatemala com México

Uma das maiores cidades maias da Guatemala pode ter desaparecido numa violenta batalha, no alto de uma gigantesca pirâmide, entre a família real e invasores vindos de centenas de quilômetros de distância, disseram arqueólogos.

Pesquisadores estão fazendo testes de DNA em amostras de sangue provenientes de centenas de pontas de flechas e lanças encontradas com fragmentos de osso e cerâmica na cúpula da pirâmide El Tigre, na cidade maia de El Mirador, enterrada sob vegetação de floresta a 8 quilômetros da fronteira da Guatemala com o México.

Boa parte das lâminas é feita de obsidiana, cuja fonte os arqueólogos localizaram a centenas de quilômetros de distância numa região montanhosa do México. Eles acreditam que as lanças pertenceram a guerreiros de Teotihuacan, uma antiga civilização perto da Cidade do México e aliada de Tikal, cidade inimiga de El Mirador.

"Encontramos mais de 200 flechas de obsidiana, assim como de pedra, indicando que houve uma tremenda batalha", afirmou o líder da escavação Richard Hansen, cientista do departamento de antropologia da Idaho State University que defende a teoria da batalha na pirâmide.

'Parece que esse era o ponto final de defesa para um pequeno grupo de habitantes,' afirmou ele à Reuters.

El Mirador é uma das maiores cidades antigas no Hemisfério Ocidental e acredita-se que tenha abrigado no seu auge entre 100 mil e 200 mil pessoas. Historiadores estimam que ela tenha sido construída em torno de 850 a.C., cresceu durante centenas de anos antes de ser misteriosamente abandonada em 150 a.C., afirmou.

Muitos arqueólogos acreditam que a culpa por isso deve ser atribuída à decoração de estuque dos prédios da cidade, pois os moradores usaram as pedras, árvores e o reboco à base de cal nas construções até o esgotamento completo dos recursos.

A equipe de Hansen acredita que um grupo de cerca de 200 pessoas, que se supõe ser os últimos remanescentes da família real, permaneceu na metrópole em ruínas até serem atacados por guerreiros de Teotihuacan.

Eles acreditam que os invasores eram aliados de Tikal, situada cerca de 60 quilômetros a sudeste, que se ressentia de ser engolfada pelas enormes pirâmides de El Mirador e queria se certificar de que o inimigo não se recuperasse jamais. Eles acham que os guerreiros de Teotihuacan fizeram um cerco aos sobreviventes antes da sangrenta batalha selar o destino da cidade.

Os arqueólogos de Hansen encontraram inscrições que eles acreditam ter sido deixadas pelos combatentes de Teotihuacan, que destruíram monólitos maias e deixaram desenhos conhecidos como Tlalocs em pedras, como prova de sua vitória.