Uma equipe de cientistas franceses que elaborou um modelo sobre o comportamento do metano em Marte concluiu que o gás é muito difícil de decifrar, embora haja indícios de que ele poderia ser produzido e destruído mais rapidamente do que na Terra.
Os professores Franck Lefèvre e François Forget, da Universidade Pierre et Marie Curie, de Paris, utilizaram um modelo informático do clima marciano, ao qual aplicaram as observações feitas previamente por uma equipe do centro Goddard de Astrobiologia da Nasa, a agência espacial norte-americana.
Em janeiro, cientistas americanos confirmaram na revista "Science" a existência de metano na atmosfera de Marte, o que, afirmaram, é prova de que esse planeta se mantém ativo, biológica ou geologicamente.
Os espectrômetros dos telescópios da Nasa no Havaí detectaram em 2003 sobre a superfície do planeta pelo menos três rastros desse gás, que constitui uma chave da vida como se conhece na Terra.
Eles observaram que "a atmosfera de Marte destrói rapidamente o metano de diversas formas", do que se deduz que também deve haver um processo de emissão, segundo explicou Michael Mumma, do Centro de Voos Espaciais da Nasa, em Maryland.
No estudo publicado ontem, os especialistas franceses constatam a dificuldade de identificar o comportamento do gás no planeta vermelho usando a atual física ou química atmosférica que se aplica aos processos terrestres.
O metano tem o ciclo vital fotoquímico de vários séculos, e, por isso, espera-se que tenha uma distribuição uniforme no planeta.
As observações sobre Marte disseram que o gás apresenta variações espaciais e temporárias --conforme a época do ano.
"Acontece algo mais, algo que rebaixa o ciclo vital do metano por um fator de 600. Se as medições estiverem corretas, estamos perdendo algo importante", disse hoje Lefèvre, em declarações recolhidas pela emissora pública britânica BBC.
Se estas variações se confirmarem, significaria que o gás se destrói muito rapidamente, o que sugeriria que existe no planeta um ambiente muito difícil para a sobrevivência de organismos orgânicos.
Os cientistas desconhecem se o metano de Marte é o produto de processos biológicos ou geológicos, como a atividade vulcânica.