Poucas pessoas que visitam pela primeira vez o Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, imagina que as belíssimas cúpulas de metal distribuídas ao longo dos gramados da instituição há muitas décadas não abrigam mais telescópios capazes de fazer astronomia de ponta.
Um novo instrumento a ser instalado em uma delas, porém, deve dar vida nova ao local. A partir de sexta-feira, um heliômetro --instrumento usado para medir o diâmetro do Sol-- de última geração começa a funcionar lá.
O Sol em foto da Nasa; no Rio de Janeiro, máquina será usada para trabalhos voltados à pesquisa da medição do diâmetro solar
Sem condições de céu adequadas para observar estrelas, restou ao campus principal do observatório estudar o Sol, atividade que não é tão prejudicada pela umidade do clima carioca.
Enquanto o instrumento existente no local tira agora 1.800 fotos do Sol, por dia, o novo fará 8.000 imagens por hora. É uma melhoria de frequência superior a cem vezes, e com fotos mais precisas. A ideia de investir no aparelho se deveu ao fato de o Observatório Nacional já ter tradição na área.
A medida do diâmetro do astro é importante porque revela a intensidade de sua atividade. A largura angular da chamada fotosfera, a área emissora de luz no Sol, é um indicador disso.
Seu monitoramento pode revelar, entre outras coisas, qual é peso da variação de atividade solar sobre as mudanças climáticas na Terra, um assunto controverso hoje, frequentemente usado por grupos minoritários de cientistas para questionar o papel das atividades humanas no aquecimento global.
O assunto deve ser aprofundado melhor pela Rede Internacional de Monitoramento do Diâmetro Solar, da qual o Observatório Nacional faz parte.